quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

"VELHAS VIRGENS"


Proveniente de São Paulo (Capital), a banda Velhas Virgens faz um Rock ‘n Roll viril e autêntico como há muito não se via, ou melhor, ouvia. Completamente à parte de modismos e tendências, o grupo, que já tem dez discos lançados, vai tomando cada vez mais espaço no cenário musical brasileiro.
Em 1986, “Paulão” de Carvalho que já tinha tocado na banda “Beba Cerveja E Seus Copos Quebrados”, que era o esboço do que se tornaria a atual Velhas Virgens, conhece Alexandre “Cavalo” Dias. Inicialmente, Paulão tocava baixo e Cavalo, guitarra. Chamaram os amigos Rick para assumir a bateria e Celso para os vocais. Até o final da década de 80 tocaram em vários lugares mas o sucesso mesmo só viria na década seguinte, mudando diversas vezes de baterista durante esses anos.

Na virada da década, o vocalista Celso deixa a banda só restando os criadores da dita cuja, Paulão e Cavalo. O grupo parecia acabado, mas para mudar a história apareceram Mário Sérgio “Lips Like Sugar” para assumir definitivamente o comando da bateria. Paulão assume os vocais e a gaita, deixando o posto de guitarrista para o recém-chegado Fabiano.

Com essa mudança de formação, a banda passou a flertar mais com o Blues. Gravaram algumas demos e fizeram diversas apresentações. O ano de 1993 marca a saída de Fabiano. Quem assume seu lugar na guitarra é Caio “The Kid” Andrade.

Mudanças de formação à parte, é gravado em 1994 e lançado no ano seguinte o primeiro álbum, intitulado de “Foi Bom Pra Você?”. Já neste primeiro trabalho está contida uma característica que surgiu na banda a partir de 1990: as letras escrachadas que demonstram as três paixões incontestáveis dos integrantes: mulher pelada, cerveja gelada e Rock ’n Roll.

Outra marca do grupo foi chamar artistas consagrados para participarem de algumas músicas. Neste primeiro disco encontramos as presenças mais do que especiais de Pit Passarel do Viper, Oswaldo Vecchione do Made In Brazil, Eduardo Araújo e do mestre do Rock nacional, Marcelo Nova.

Um disco de estréia sensacional apenas com o mais puro e autêntico Rock ‘n Roll, sem “lubrificantes”. Petardos musicais como “Minha Vida é o Rock ‘n Roll”, “Cerveja na Veia”, “Só Pra Te Comer”, “Excesso de Quorum” e a fenomenal “De Bar em Bar Pela Noite”, que conta com a participação de Marceleza.

Para a alegria geral dos outros integrantes, nesse mesmo ano a dançarina Cláudia Lino passa a acompanhar a banda nas apresentações. Em 1996, as Velhas Virgens assinam com a gravadora Velas, da qual o cantor Ivan Lins é um dos sócios. Também em 96, a entrada do baixista Edu Gago faz com que Paulão se dedique somente aos vocais e a gaita.

O segundo disco “Vocês Não Sabem Como é Bom Aqui Dentro” é lançado ainda em 96. Trazendo mais convidados ilustres como Roger do Ultraje À Rigor, que canta com Paulão a ótima “Mulher do Diabo”, que conta ainda coma presença do baixista ex-Ultraje Serginho Petroni

Rita Lee, que já havia escrito a apresentação do primeiro disco, aparece aqui para cantar a saga noturna de bebedeiras na excelente “Beijos de Corpo”. O guitarrista Sérgio Hinds da banda O Terço deixa sua marca em “Pão Com Cerveja”. Se destacam ainda as músicas “Já Dizia o Raul”, “Vocês Não Sabem Como é Bom Aqui Dentro”, a excelente balada blues “Não Vale Nada”, entre outras. Um disco para se escutar do início ao fim sem pular uma só canção.

1997 é um ano de estrada e fazem mais de 50 shows pelos estados de São Paulo, Paraná, Minas e Rio de Janeiro. Até que Lips sofre um acidente de moto e Paulão se machuca jogando bola, o que causa uma parada de 2 meses na banda.

Em 1998 sai Edu para a entrada de Tuca “Pés-de-Arara” no baixo, completando a formação que se mantém até os dias de hoje. Iniciam a produção do terceiro disco, e, como a moda no Brasil não é mais o Rock ‘n Roll, encontraram grandes dificuldades para encontrar uma gravadora disposta a dar espaço ao excelente trabalho desenvolvido por eles.

Resolvem se virar sozinhos. Cavalo abre sua gravadora, a Gabaju Records, e exatamente em Agosto de 1999 é lançado “$r. $uce$$o”, o terceiro disco.

Com mais participações de peso como Adriana Lessa, Célso Viáfora, Luís Carlini, Mário Ribeiro, Neto Botelho, o disco vem um pouco mais recheado de baladas e músicas críticas. A canção que dá título ao disco, “$r. $uce$$o”, fala tudo o que um roqueiro precisa escutar nestes tempos de invasão da bundamusic, pseudo-sertanejo e pagode. Se destacam ainda “A Minhoca Que Acendia o Rabo”, a bem humorada e com boa dose de veracidade “Domingo na Praia”, “Essa Tal Tequila”, “O Verdadeiro Amor”, entre outras.
As Velhas continuam na luta, fazendo shows e mostrando o verdadeiro Rock ‘n Roll pelo Brasil afora. Infelizmente, devido ao “jabaculê” das gravadoras e rádios, a banda ainda não teve o reconhecimento que merece perante a mídia. Mas como todos sabemos, as modas sempre passam. Ano vem, ano vai e o Rock está sempre aí, mostrando por que se tornou muito mais que um estilo musical.
Conhecer o trabalho dessa banda se tornou obrigatório, e, com absoluta certeza, Velhas Virgens e Ultraje Á Rigor são as melhores bandas de Rock nacional da atualidade.
Como diria o próprio Paulão:
“O mundo acaba antes das Velhas Virgens acabarem…”.