terça-feira, 26 de outubro de 2010

"MUNDO LIVRE S/A"


história do Mundo Livre S. A. começa no início dos anos 90, em Jaboatão dos Guararapes. Foi nessa cidade vizinha ao Recife que nasceu Fred Rodrigues Montenegro, hoje mais conhecido por “Zero Quatro”. Sua biografia dos tempos pré-música é a de qualquer criança de classe média da época. Ou seja, ele jogou futebol, ganhou um monte de irmãos, e cantou o hino nacional no pátio da escola, no caso o Colégio Militar, cujas marchas ainda hoje costuma cantar em noites de embriaguez.Foi em Jaboatão, também (mais especificamente no bairro de Candeias), que, ainda um teenager, ele descobriu o poder dos palcos. A memória mostra nosso herói junto com os amigos numa churrascaria, assistindo ao show de uma banda terrível quando, de repente, foi convidado para tocar pela primeira vez numa guitarra de verdade. Mágica! Daí em diante, ter uma banda passou a ser uma obsessão…
Seu primeiro grupo de verdade foi o “Trapaça”. Estamos no início dos anos 80, época da explosão do punk brasileiro. A influência de bandas do ABC paulista como “Cólera”, “Olho Seco” e “Inocentes”, provocou o fim precoce do Trapaça e o surgimento de sua segunda banda, a “Serviço Sujo”. Gritando toda a paranóia em letras inspiradas no 1984 de George Orwell, Fred desfilava alfinetes, coturnos, uma velha e surrada pasta 007 e camisas pretas com slogans do tipo “Abaixo a Poesia”. Desfilava, também, um novo codinome: surgia o “Rato”, um sujeito e um som muito à frente de uma Recife fascinada ( uma minoria ) e indiferente ou francamente hostil
(o vasto rebanho). O tédio dos anos 80 deixou a raiva do punk amadurecer, se transformar num cinismo calculado, e, assim, o “Serviço Sujo” deu lugar ao “Mundo Livre S. A.”, um nome de clara inspiração Malcom Maclareana, destinado a ridicularizar a guerra fria revisitada da presidência Reagan e as engrenagens da indústria do disco. O “rato” dos primórdios do punk se transformou, então, em “Zero Quatro”, disfarce inspirado nos dois últimos algarismos de sua cédula de identidade.

Hoje, o Mundo Livre é uma unanimidade na música brasileira do novo milênio.
As letras de Zero Quatro, narrando com rara poesia assuntos tão diversos como a globalização, as desventuras do Timor Leste ou as musas de biquini branco, estão entre as melhores do pop nacional. E ninguém no Brasil pós- colapso da modernização desvenda melhor os mistérios do samba que esses pernambucanos.
Que venham, então, os próximos capítulos das aventuras do subcomandante Zero Quatro e seu mundo livre s/a …

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